Já parou para pensar em tudo que você faz de forma automática? O mesmo trajeto para o trabalho, as mesmas pessoas, os mesmos estilos de filmes e séries, os mesmos lugares, os mesmos assuntos. A gente costuma repetir ações e comportamentos no nosso cotidiano. Essa é a chamada “zona de conforto” que, como o próprio nome sugere, é a zona que nos faz sentir seguros e confortáveis. São os caminhos já conhecidos pelo nosso cérebro para tomar decisões que sabemos onde vão dar. E quem não gosta da previsibilidade? Desde crianças gostamos de saber o que vai acontecer depois, o ser humano gosta de rotina. Dá até um gelo na barriga pensar em caminhar em direção a algo totalmente desconhecido não dá? Fecha os olhos e imagina. Uma rotina totalmente nova, pessoas que você nunca viu, questões para as quais você não tem resposta. Para alguns pode até parecer empolgante, mas para a maior parte dos seres humanos, essa não é uma situação desejável.

É natural do ser humano buscar por essa zona de conforto em todos os aspectos da vida, inclusive no profissional. Porém, isso pode ser negativo para o desenvolvimento de uma empresa e seus colaboradores. Foi pensando nisso que a psicóloga e coach Marcia Reynolds escreveu o livro “The Discomfort Zone” – A Zona do Desconforto, ainda sem tradução em português.

Segundo a escritora, “A zona do desconforto é o momento de incerteza em que você é muito mais aberto a aprender”. Cada pessoa desenvolve ao longo da vida as suas crenças, expectativas, e pensamentos sobre si e o mundo ao seu redor. E a gente não costuma questionar esses pensamentos e nem enxergar as barreiras e as limitações que eles impõem na nossa rotina. Explico: o nosso cérebro processa pensamentos automaticamente, ou seja temos conjuntos de jeitos de pensar e decidir as coisas protegidos por regras que nos levam a não “pensar muito”, vamos no jeito mais fácil… no caminho que está mais “aberto”.

E quando alguém confronta ou argumenta aquilo que a gente considera verdadeiro, entramos na famosa zona de desconforto. E é aí que a gente cresce, porque quebramos paradigmas internos e somos obrigados a enxergar por novas perspectivas e possibilidades.

Mas provocar esse questionamento nos outros não é uma tarefa fácil e exige muito cuidado para não criar mais resistência. De acordo com Marcia Reynolds, “Esse tipo de conversa não pode ser um confronto forçado; deve ser uma conversa reflexiva e significativa, que mostre respeito e confiança no potencial da pessoa de aprender e crescer”.

Os líderes, muitas vezes, ficam com medo das emoções que o questionamento pode gerar, porém ativar emoções tem sido a fonte das transformações e do aprendizado no ambiente corporativo. “A emoção expressada significa que a pessoa está reagindo às reflexões feitas sobre seus próprios pensamentos. Nesse momento de descoberta, ela está aprendendo”, explica a escritora.

E você já se colocou à prova em uma situação de desconforto? Já parou para pensar que depois da sensação de insegurança vem a busca por novas respostas, vem a adaptação e o crescimento? No meu caso, posso dizer, as coisas mais incríveis que já construí vieram de momentos de extremo caos e questionamento. Parece meio suicida, mas é a mais pura verdade. Se nada te incomoda, você não cresce. Um pouco de raiva também ajuda às vezes. Portanto, agradeça àquele líder ou àquele colega que discorda de você, no fundo esta é a pessoa mais importante para seu desenvolvimento. Zona de desconforto? É aqui que eu quero estar! Vamos?

Abraços,


Amanda Costa – Journalist, Partner At Alto Tietê Recycling And Chief Relationship Officer Nexialistas Consultores


A BKR Business School não se responsabiliza, nem de forma individual, nem de forma solidária, pelas opiniões, idéias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).