Fazer a gestão emocional nas empresas é uma demanda do setor de Recursos Humanos. O problema é que, muitas vezes, os profissionais da área não sabem como agir, devido à complexidade do tema saúde mental.

É por esse motivo que campanhas como o Setembro Amarelo existem. Elas jogam luz sobre problemas de saúde que podem adoecer as pessoas, silenciosamente. Continue a leitura para saber mais sobre essa iniciativa e conhecer formas de gerenciar as emoções dos colaboradores.

O que é Setembro Amarelo?

Trata-se de uma campanha mundial de conscientização e promoção da vida. No Brasil, o movimento teve início em 2014, por iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

O foco da campanha é a prevenção ao suicídio. Sendo que a escolha pelo nono mês do ano não foi ao acaso. Ela está relacionada com o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, celebrado em 10 de setembro, desde 2003.

Durante o mês de prevenção, voluntários, entidades, órgãos de saúde e empresas se unem em prol da saúde mental, alertando pessoas de todas as faixas etárias, classes sociais e segmentos.

Além da informação responsável, a campanha propõe o debate aberto sobre problemas que, muitas vezes, são tratados individualmente e de forma solitária.

Por isso, iniciativas como o Setembro Amarelo são de extrema importância. Especialmente para oferecer apoio e conscientizar a sociedade, prevenindo novos casos de lesões autoprovocadas.

Dados sobre suicídio no Brasil e no mundo

Segundo o Boletim Epidemiológico nº 33 (2021), publicado pelo Ministério da Saúde, ocorreram 112.230 mortes por autoextermínio no Brasil, entre 2010 e 2019. O índice representa um aumento de 43% no número anual de óbitos, ou seja, de 9.454 (2010) para 13.523 casos (2019).

A situação agravou-se ainda mais durante a pandemia de coronavírus, quando a instabilidade econômica, as demissões e as barreiras no acesso à saúde elevaram os fatores de risco.

O problema é grave, pois, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 100 mortes no mundo tem como causa o autoextermínio. Sendo que, a cada ano, mais pessoas morrem por suicídio, superando óbitos por HIV, malária, câncer de mama, guerras e homicídios.

Ainda de acordo com a OMS, o autocídio mundial entre jovens de 15 a 29 anos supera as mortes por acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal.

Por essas razões, campanhas como o Setembro Amarelo continuam necessárias para preservar a vida e combater a desinformação. Especialmente sobre saúde mental no trabalho, onde casos de estressevulnerabilidade e depressão são maiores e menos evidentes do que imaginamos.

Nesse sentido, a gestão emocional na empresa é o melhor caminho para proteger e apoiar colaboradores e suas famílias.

Como fazer uma boa gestão emocional na sua empresa?

É no ambiente corporativo que nossa saúde mental está sujeita a danos diários. Nesse sentido, prazos apertados, pressões e conflitos interpessoais, estresse e cultura organizacional tóxica são fatores de adoecimento.

Por isso, o gerenciamento das emoções exige cuidados com a qualidade de vida e com o bem-estar profissional. Para tanto, o RH deve criar condições de acolhimento, informar e desenvolver políticas de promoção da saúde mental na empresa.

A campanha Setembro Amarelo é ideal para aplicar medidas. No entanto, a conscientização deve ocorrer durante todo o ano, conquistando a confiança dos times e criando vínculos a partir de ações pontuais. Confira como fazer a gestão emocional na sua empresa.

Desenvolva a inteligência emocional dos colaboradores

Inteligência emocional é um conceito criado pela Psicologia para ajudar o ser humano a lidar com as emoções. Desse modo, desenvolve-se gradativamente, em um aprendizado constante de autoconhecimento que requer esforço constante.

Sendo assim, a gestão de pessoas deve oferecer apoio aos colaboradores diante das dificuldades. Ainda, valores como empatia, comprometimento e compreensão precisam ser cultivados entre as equipes, criando um clima receptivo e acolhedor.

Especialmente para que o profissional em sofrimento psíquico sinta-se confortável para compartilhar o problema com seus gestores e procurar ajuda.

Proporcione um ambiente de abertura e de escuta

Entender as emoções do time, afetado por pressões inerentes do trabalho ou problemas pessoais, é fundamental para criar abertura. A gestão de pessoas deve criar um ambiente livre de preconceitos, aberto ao diálogo e empático o suficiente para acolher o colaborador oferecendo ajuda.

Crie um fluxo de comunicação

Estabeleça políticas para fortalecer a comunicação interna, com espaço para a troca de ideias, oferecendo feedbacks positivos sempre que possível.

Mesmo em home office, o colaborador precisa sentir que a organização está atenta aos problemas e o RH está disponível para intervir. Os vínculos não devem se perder e a comunicação é responsável por manter a conexão.

Ensine-os a focar no futuro imediato

A pandemia trouxe a sensação de imprevisibilidade, tirando de nós a expectativa do amanhã e deixando os colaboradores mais apreensivos. Hoje, preocupações e inseguranças são fatores de adoecimento psíquico.

Sendo assim, fazer a gestão emocional dos times exige assumir uma postura otimista capaz de focar no presente, sem grandes expectativas no longo prazo. Um passo de cada vez é a recomendação para diminuir a ansiedade.

Aposte na abordagem multidimensional

O sucesso de um negócio depende dos números, mas não apenas isso. Ele precisa de sinergia e entrosamento entre as pessoas: uma vez que elas são responsáveis pelos resultados. Nesse sentido, cultivar raciocínios lineares e visões simplistas pode prejudicar o desenvolvimento das pessoas e o êxito da organização.

Nesse caso, a gestão de pessoas deve priorizar a abordagem múltipla para apoiar as equipes nas necessidades mais básicas. Isso desde o conforto no ambiente até o clima organizacional saudável, considerando todas as questões que um relacionamento interpessoal exige.

Estimule a resiliência

Adversidades surgirão, cedo ou tarde. Elas fazem parte do mundo corporativo. Portanto, o profissional de RH deve saber gerenciar os times estimulando a resiliência, mobilizando-os para descobrirem soluções para os problemas, sejam individuais ou da equipe.

A resiliência é a base para construir indivíduos fortes e aptos a tomarem decisões nos momentos mais difíceis. Ser resiliente é saber reconhecer o problema e como contorná-lo.

Por fim, lembre-se que a gestão emocional é indispensável, especialmente para prevenir momentos delicados. Ainda, ela representa uma construção diária, criando uma consciência coletiva de que, juntos, empresa e profissional conseguem superar as adversidades.

Quais práticas podem ser adotadas durante o Setembro Amarelo?

O Setembro Amarelo busca a conscientização sobre o suicídio. Mais do que isso, a iniciativa é preventiva, pois investe nos cuidados com a saúde mental, responsável pelo adoecimento do indivíduo.

Além de fazer a gestão emocional das equipes, o RH pode potencializar esse caráter preventivo desenvolvendo ações para diminuir a ansiedade e o estresse, promovendo o bem-estar na empresa.

Cada organização deve criar estratégias pautadas no perfil da equipe e nos problemas mais visíveis. No entanto, sugerimos ideias para implementar na próxima campanha do Setembro Amarelo. Acompanhe!

1. Promova atividades em conjunto

O RH pode oferecer opções de lazer e descontração para dar outro sentido ao cotidiano de trabalho. Atividades em grupo, como dinâmicas, recreação ou gincanas, aliviam as pressões, promovem a integração entre os colaboradores e trazem o lúdico para um ambiente mais formal.

A intenção é gerar bem-estar e fortalecer o convívio saudável. Que tal formar grupos para praticar ginástica laboral ou corridas semanais? Trata-se de iniciativas benéficas que trabalham corpo e mente.

2. Yoga e meditação

O mindfulness é uma técnica de meditação que desenvolve a atenção plena. Desse modo, o praticante controla o estresse e desenvolve a concentração.

O Yoga segue pelo mesmo caminho, com o benefício do exercício físico, ajudando corpo e mente. Isso porque, a prática libera endorfinas, trazendo sensação de relaxamento e bem-estar.

O mês de setembro pode ser a oportunidade de formar grupos de meditação ou Yoga. O RH pode convidar profissionais para orientar as práticas na empresa e incentivar que elas continuem fora do ambiente corporativo.

3. Palestras e workshops

Como dissemos, a informação é fundamental para conscientizar as pessoas sobre temas relevantes. Nesse sentido, palestras com especialistas e convidados ajudam a tratar o tema com propriedade. São iniciativas simples, mas com benefícios para o ano todo.

4. Biofeedback

É um método capaz de identificar as respostas que o corpo dá em diferentes situações. Elas estão relacionadas com as funções orgânicas, como suor, frequência cardíaca ou pernas trêmulas. Trata-se de reações automáticas que passam despercebidas.

Aplicar o biofeedback ajuda o colaborador a conhecer as próprias reações, compreender os gatilhos emocionais e descobrir como controlar cada uma delas.

5. Ações de relacionamento

O RH deve trabalhar o relacionamento durante o ano todo. Afinal, problemas entre colaboradores existem e podem ser a causa para baixa produtividade dos times ou altos índices de turnover.

Uma estratégia com resultados positivos é a Comunicação Não-Violenta (CNV). Aplicada no ambiente organizacional, ela minimiza conflitos e previne danos à saúde psicológica. A CNV fortalece os vínculos, proporciona um ambiente mais acolhedor e desenvolve a empatia.

6. Decoração temática

Durante o mês de setembro, é tradição iluminar as fachadas de empresas, monumentos e prédios públicos com a cor símbolo da campanha.

Sendo assim, use a criatividade para decorar os espaços comuns com balões, faixas e cartazes. Utilize a tecnologia como aliada, levando a campanha para as redes sociais da empresa. Inclusive, o site do CVV disponibiliza materiais para download.

Esperamos que esse artigo desperte boas ideias para fazer a gestão emocional na sua empresa. Não há justificativas para tangenciar o tema suicídio, devemos enfrentar o problema com a seriedade que ele merece. Afinal, viver é a melhor opção.

Aproveite para conhecer outras iniciativas ligadas ao mês de valorização da vida baixando o e-book Setembro Amarelo: precisamos falar sobre prevenção, elaborado pela Wellz.

Fonte: RH Portal


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